Atenção ao e estudo do saber viver em Minas Gerais e suas condições
O nascimento das comissões nacional e estaduais de folclore surge da confluência de mobilizações e fatores históricos, como os movimentos culturais na busca e afirmação de uma identidade nacional ênfase ao movimento de 22 e, em resposta a solicitação da ONU/UNESCO (criada em 1945), frente às visões e preocupações do mundo após a 2a Guerra Mundial.
Nossa História
A Comissão Mineira de Folclore se reuniu pela primeira vez no dia 19 de fevereiro do ano de 1948. Era resposta de Aires da Mata Machado Filho a uma convocação de Renato Almeida o qual havia fundado no dia 19 de dezembro a Comissão Nacional de Folclore no interior do Ministério de Relações Exteriores.
Na segunda reunião, realizada no mesmo local no sábado dia 06 de março, foi apresentado o Plano de Trabalho composto de sete linhas diretoras:
1. Promover uma relação dos estudiosos de Folclore em Minas Gerais com suas respectivas bibliografias;
2. Promover a relação de instituições públicas e privadas existentes em Minas Gerais para listar os acervos de interesse para o folclore;
3. Promover o levantamento da bibliografia mineira e brasileira de interesse para os estudos do folclore;
4. Indicar à Comissão Nacional de Folclore livros de autores mineiros que mereçam ser publicados;
5. Realizar cursos, conferências e festivais folclóricos “com a revivescência das festas tradicionais mineiras”;
6. Promover contatos com estudiosos de folclore não residentes em Belo Horizonte para se porem a par dos objetivos da subcomissão mineira de Folclore e sob a orientação do grupo constituído;
7. Promover a estruturação da Comissão Mineira de Folclore segundo as recomendações de Joaquim Ribeiro.
Ora, a Comissão Mineira de Folclore, tanto quanto a Comissão Nacional de Folclore não brotaram da pura vontade de um senhor lotado no Ministério das Relações Exteriores. Cabe a pergunta: Por que a coordenação do movimento dos folcloristas não surgiu da ideia de algum departamento do Ministério da Educação? Ou por que não foi concebido no Ministério do Trabalho? Não é lugar neste relatório acolher essas questões, mas de apenas insinuá-las.
Há que considerar que a Comissão Nacional de Folclore não surgiu de uma vontade, mas de uma realidade. Era, naquele momento, o Ministério das Relações Exteriores que mantinha vínculos com a recém criada UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas vindo à luz em substituição à enfraquecida Liga das Nações.
As peripécias que configuraram o movimento que deu origem à Comissão Nacional do Folclore já foram narradas, pelo menos em seus aspectos gerais, pela obra Projeto e Missão de autoria de Luís Rodolfo Vilhena.
A Comissão Mineira de Folclore vem percorrendo o percurso que lhe deu origem, desde a celebração de seu cinquentenário. Ao celebrar setenta anos desenvolveu um projeto com o título de o “Movimento dos Folcloristas em Minas Gerais”, com atenção para o período que se inicia com a Proclamação da República – 1889 – até o ano de 1951, data em que se pode avaliar os efeitos da participação desse movimento no Primeiro Congresso Brasileiro de Folclore realizado na cidade do Rio de Janeiro nos dias 22 a 31 de agosto.
Este período nos fará recuar em alguns anos, mas ele reflete a intenção dos quinze membros fundadores que estiveram presentes na primeira reunião: Levindo Lambert, Branca de Carvalho Vasconcelos, Flausino do Vale e Angélica de Rezende Garcia, do Conservatório Mineiro de Música, seguidos por Aires da Mata Machado Filho, Nelson de Sena, João Dornas Filho, Heli Menegalle, Fausto Teixeira, Henriqueta Lisboa, Lúcia Machado de Almeida e Antônio Joaquim de Almeida, João Camilo de Oliveira Torres, Tabajara Pedroso, Mário Lúcio Brandão, Franklin de Salles. [O total de 28 membros fundadores se completou ao longo do ano de 1948 ao qual responderam representantes de diferentes regiões de Minas Gerais: Manoel Ambrósio Júnior, Maria Orminda da Mata Machado, Saul Alves Martins, Sílvio do Amaral Moreira, Ursulina Pitaguary, Antônio Carlos, Edelweiss Teixeira, Francisco Inácio Peixoto, Jarbas de Carvalho, João Braz da Costa Val Filho, José Augusto Neves.]
A primeira gestão administrativa foi presidida por Aires da Mata Machado Filho, de 1948 a 1980. Além dos fundadores já citados o presidente contou com a colaboração de estudiosos e literatos Ilustres como Angélica de Resende Garcia, Edelweis Teixeira, Flausíno Rodrigues Vale, Franklim de Sales, Henriqueta Lisboa, João Camilo de Oliveira Torres, João Domas Filho, Levi Braga, Manoel Ambrósio Júnior. “O secretário executivo, nessa gestão, foi o dedicado folclorista” Saul Martins. As questões pertinentes ao folclore regional de Minas Gerais e o tratamento científico da disciplina estiveram presentes em congressos e certames realizados em todo o País.
A Comissão Mineira de Folclore é um instituto aglutinador de estudiosos de Ciências Sociais que escolheram como material os fenômenos folclóricos. O colegiado interuniversitário configurado na Assembléia Geral da Comissão Mineira de Folclore foi crescendo de 1948 a 1980, tendo recrutado profissionais como: Alice Inês de Oliveira e Silva, Antônio de Oliveira Melo, Antônio Henrique Weitzel, Armando de Paula, Carlos Felipe de Melo Marques Horta, Cristina Miranda Mata Machado, David de Carvalho, Domingos Diniz, Fani Martins Anício, Gilgal Gonçalves, Hermes de Paula, João Naves de Melo, José Alaor Bueno de Paiva, José do Patrocínio Filho, José Moreira de Souza, José Gonçalves de Souza, Jupyra Duffles Barreto, Lázaro Barreto. Lázaro Francisco da’ Silva, Maria Aparecida Correia de Castro, Maria José Colares Moreira. Marina Avelar Sena, Mari’ Stela Tristão, Milene Coutinho Maurício, Nélson Figueiredo, Orvile Colombo de Conti, Paulo César Vale, Romeu Sabará da Silva, Sebastião Geraldo Breguez, Sebastião Rocha, Vinicius Raimundo Peçanha, Waldemar de Moura Santos, Wilson de Lima Bastos e Washington Peluso Albino.
Em 1954, o governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek, firmou um convênio com o IBECC que foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado. O referido convênio, que ainda continua em vigor, estipula a competência científica e técnica da CMFL, nas questões que envolvem a cultura popular e o folclore, no âmbito do território do Estado de Minas Gerais.
De 1980 a 1983 a Presidência da Comissão Mineira de Folclore esteve a cargo do folclorista Saul Martins. Respeitável catedrático e cientista social, foi em sua gestão que a Comissão Mineira de Folclore recebeu do governo estadual uma sede na Rua dos Carijós, 150, onde permaneceu de 1982 até 1986. Foi naquela oportunidade que ali foi instalado o Museu de Folclore “ Saul Martins” e o Centro de Informações Folclóricas. Nessa gestão passaram a ser associados da CMFL mais quatro pesquisadores de folclore: Antônio de Paiva Moura, Edeimar Massote, Francisco van der Poel e Zanoni Roque Neves.
De 1983 a 1986, a presidência esteve a cargo do professor e estudioso de folclore, jornalista Carlos Felipe de Melo Marques Horta. Sua preocupação principal foi a de caracterizar e fortalecer a instituição realizando seminários de debates sobre filosofia da instituição e sobre a sua própria conduta dentro do momento em que vivemos. Carlos Felipe bem como seus auxiliares de Diretoria se esforçaram no sentido de preparar a instituição no enfrentamento da atualidade e do futuro. Mais quatro estudiosos de folclore passaram a fazer parte do quadro de sócios efetivos: Everton de Paula, Luiz Fernando Vieira Trópia, Maria José de Souza (Tita) Moacyr Costa Ferreira, Núbia Pereira de Magalhães Gomes e Tadeu Martins.
Na quarta gestão, administrativa, de 1986 a 1989, foi presidente o professor Antônio de Paiva Moura. Os problemas e metas principais enfrentados pela Diretoria foram: manutenção do Museu de Folclore, sua reorganização e ampliação do acervo conquistado nas gestões anteriores; manutenção do prestígio da entidade. Tudo fez para que a instituição continuasse sendo respeitada pelas entidades públicas e privadas; pelo universo político, científico e social. O Centro de Informações Folclóricas acumulou e processou dados informativos em 22 mil fichas. Atendeu a 2.090 consulentes. Foram realizados três, Cursos de Folclore, Com aproximadamente 90 concluintes. Nessa gestão foram admitidos os sócios efetivos Edmilson de Almeida Pereira, Maria de Lourdes Costa Dias Reis e
Maria do Carmo Tafuri Paniago.
Em 1989 foi eleita e empossada a diretoria cujo exercício findou em 1992. O presidente é graduado em Letras, o folclorista Domingos Diniz. Conta com uma longa folha de serviços prestados à Comissão Mineira de Folclore, desde sua admissão como sócio. Esta gestão já realizou dois cursos de folclore. O primeiro em Guaxupé, em 1989, e o segundo em Pirapora julho último. Já existe a proposta de continuação do curso básico nos moldes do anterior e um curso avançado direcionado para a pesquisa. A atual diretoria herdou uma carga demasiadamente forte: salvação do patrimônio físico estimativo em poder da Comissão Mineira de Folclore, ameaçado de deterioração; valorização da entidade com bandeira da cultura popular e do folclore.
A Comissão Mineira de Folclore incentivou e motivou uma larga folha de trabalhos científicos e promocionais no decorrer de sua existência. Promoveu a IV Festa Nacional do Folclore, em Belo Horizonte, no ano de 1976. Os folcloristas sócios da CMF1 publicaram mais de 60 livros e monografias, como resultado de pesquisa. Publicou 12 boletins (revista anual) com resultado de estudos de seus associados, tendo recebido elogios de todo o Brasil sobre a alta qualidade de seu conteúdo. A produção científica da corrente década com frequência faz citação às publicações do boletim a CMFL, a exemplo da “Cultura popular na antiguidade clássica”, do professor da USP, Pedro Paulo Abreu Funari, citando Lázaro Barreto e Antônio Henrique Weitzel. Negras Raízes Mineiras: os Arturos, de Núbia Pereira de Magalhães Gomes Edmilson de Almeida Pereira, citando Domingos Diniz. Juntamente com a então coordenadoria de cultura do Estado realizou três simpósios sobre comunicação da pesquisa em folclore, cujos anais são pontos de referências para estudos de áreas específicas do folclore. Desde 1964 a Comissão Mineira de Folclore vem realizando a Semana de Folclore, completando agora a XVI. Nessa longa jornada contou com o apoio da UFMG, PUC, Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social, SESC/ARMG, Coordenadoria de Cultura do Estado, Belotur e Secretaria de Estado da Cultura.
Cremos ser este o papel da Comissão Mineira de Folclore: incentivar as entidades e as pessoas para o trabalho em prol das manifestações da cultura tradicional do povo.
Em cumprimento de dispositivos estatutários, reuniram-se os membros da CMFL, dia 04 de julho de 1992, em Assembléia Geral, para eleição de nova diretoria, que assumiu os destinos da Instituição no triênio 1992 – 1995. Por unanimidade, é reeleito presidente o folclorista Domingos Diniz. Para os demais membros, a escolha recaiu nas pessoas dos folcloristas a seguir: Antônio de Paiva Moura, Vice-Presidente; Maria de Lourdes Costa Dias Reis, Secretária; Luiz Fernando Vieira Trópia, Tesoureiro. Foram eleitos membros do Conselho Consultivo os folcloristas Carlos Felipe, Antônio de Oliveira Mello e Moacyr Costa Ferreira.
Em Assembléia Geral Extraordinária, dia 08 de julho, foi eleita, por unanimidade, nova diretoria e conselho consultivo da CMFL para o triênio 1995-1998, cuja posse se deu no dia 22 de agosto. Foram eleitos Presidente, Sebastião Rocha, Vice-Presidente, Edimilson de Almeida Pereira, Secretario, José Moreira de Souza, Tesoureiro, Frei Francisco Van Del Poel. Para o Conselho Consultivo se elegeram: Antônio Henrique Weitzel, Maria do Carmo Tafuri Paniago e Maria José de Souza.
Dia 04 de julho de 1998, atendendo decisão da Assembléia Geral, convocada para escolha dos novos dirigentes da CMFL no período de 1998 a 2001, foram eleitos: Presidente, Domingos Diniz, Vice-Presidente, Antônio Henrique Weitzel, Secretário, Lázaro Francisco da Silva, Tesou¬reiro, Antônio de Paiva Moura. Conselho Consultivo: Antônio de Oliveira Mello, João Naves de Melo e Maria de Lourdes Costa Dias Reis.
O folclorista Domingos Diniz assume a presidência da Comissão Mineira de Folclore. É o seu terceiro mandato, agora como outrora pleno de entusiasmo e fé, com a vantagem de possuir maior experiência, significa dizer seis anos a mais de saber acumulado, como sempre a serviço da Instituição. Conforme declarou, seu objetivo maior é concretizar o sonho de adquirir sede própria para a Comissão.
Em vista de convocação, reuniu-se em 7 de julho a CMFL, em Assem¬bléia Geral, ocasião em que foi eleita a nova diretoria para o triênio 2001-2004, assim constituída: Presidente, Lázaro Francisco da Silva; Vice-Presidente, José Moreira de Souza; Secretário, Gustavo Pereira Côrtes; Tesoureiro, Antônio de Paiva Moura; Conselho Consultivo: Maria do Carmo Tafuri Paniago, Ulisses Passarelli e Zanoni Eustáquio Roque Neves. A Diretoria eleita foi empossada no próximo dia 22 de agosto.
Em 05 de abril de 2003 falece inesperadamente o presidente. Coube ao vice-presidente coordenar os trabalhos da Comissão Mineira de Folclore até o dia 22 de agosto.
No dia 22 de agosto de 2004, tomou posse a nova diretoria eleita em julho para o período 2004 a 2007, composta pelos membros: Kátia Cupertino - presidenta; José Moreira de Souza, vice-presidente; Zanoni Eustáquio Roque Neves, secretário; Maria Agripina Neves, tesoureira. Conselho Fiscal: Antônio Henrique Weitzel, Edméia da Conceição Faria de Oliveira e Luiz Fernando Vieira Trópia. Por desistência do secretário, tomou posse nessa função a folclorista Danielle Gomes de Freitas.
Em 22 de agosto de 2007 tomou posse a diretoria para o período 2007 a 2009, cujo mandato se estendeu até o dia 25 de fevereiro de 2011. Essa diretoria foi composta pelos seguintes membros efetivos: Carlos Felipe de Melo Marques Horta, presidente; Maria de Lourdes Costa Dias Reis, vice; Sebastião Geraldo Breguez, secretário; Maria Agripina Neves, tesoureira. Conselho Fiscal: Edimilson de Almeida Pereira, Tânya Pitangui de Paula e Zanni Eustáquio Roque Neves.
Em 25 de fevereiro, a assembleia geral da Comissão Mineira de Folclore elegeu e empossou para o período de 2012 a 22 de agosto de 2014 os seguintes membros: José Moreira de Souza - presidente; Domingos Diniz, vice-presidente; Elieth Amélia de Sousa, secretária e Luiz Fernando Vieira Trópia, tesoureiro. Conselho Fiscal: Antônio de Paiva Moura, Águeda Kallás e Franciscus Henricus van der Poel.
Em 22 de agosto de 2014 foram eleitos e empossados para o período de 2014 a 2017 os membros efetivos: José Moreira de Souza - presidente; Míriam Stella Blonski, vice-presidenta; Juliana Garcia Correia, secretária; Raimundo Nonato de Miranda Chaves, tesoureiro. Conselho Fiscal: Antônio de Paiva Moura, Edmeia da Conceição de Faria Oliveira e Luiz Fernando Vieira Trópia. Por deliberação da assembleia geral, este mandato foi prorrogado até o dia 19 de fevereiro de 2018.
Em 19 de fevereiro de 2018, a assembleia geral da Comissão Mineira de Folclore elegeu e empossou os seguintes membros efetivos: Míriam Stella Blonski, presidenta; Fabiane Ribeiro, vice; Marcus Vinícius Martins da Costa, secretário, e Elieth Amélia de Sousa, tesoureira. Conselho Fiscal: Antônio de Paiva Moura, José Moreira de Souza e Raimundo Nonato de Miranda Chaves. O mandato da atual diretoria encerra-se no dia 22 de agosto do ano de 2020.
Missão
A nossa missão visa propiciar a criação de ações que promovam a integração - de forma solidária - entidades públicas e privadas, grupos formais e informais, representações das manifestações populares, estudiosos e pesquisadores, para a defensa, fruição e o reconhecimento dos saberes que definem e expressam o saber viver em Minas Gerais e suas condições.
Visão
Chegamos a pouco tempo aos 70 anos. Somos um movimento que acompanha, busca e defende, o entendimento e os segredos da cultura da paz. Durante esse percurso, aprendemos, lutamos e somamos; temos um belo histórico de feitos. Por agora, nesta maioridade conseguida, ousaremos ainda mais. E sonhamos, em um futuro breve, com renovação e implantação de novas ações, conquistar a tão sonhada sede para o nosso movimento e instituição.
Valores
Nossa entidade foi e é constituída a partir dos ideais da solidariedade para a promoção e valorização do saber viver em Minas Gerais e a manutenção da cultura da paz.
Nosso reconhecido histórico tem como representantes - durante ao longo dessas sete décadas - inúmeras e notórias personalidades reconhecidas no campo do estudo da cultura mineira e brasileira.
Somos uma entidade que prima pelo diálogo, pela mediação em defesa dos saberes e da coexistência pacífica.
Somos reconhecidos por valorizar o direito e o respeito à diversidade - A singularidade das várias manifestações do saber viver em Minas Gerais.
Longevidade e duração. Somos um movimento cultural pulsante que vem se renovando a cada ano.
inovadores a cada geração. Atualizando e evoluindo processos. Utilizando dos atributos disponíveis em cada época. Sem perder foco na função norteadora de nossa instituição ► Atenção ao e estudo do saber viver em Minas Gerais e suas condições.
Área de Atuação
A Comissão Mineira de Folclore atua desde 1948 na mobilização, fruição, através do desenvolvimento de projetos e ações, compostas por ações socioculturais, educacionais e científicas. Foco: Valorização e atenção ao estudo do saber viver em minas gerais e suas condições.
Diretoria da Comissão Mineira de Folclore
GESTÃO 2018 / 2020
Miriam Stella Blonski
Presidente
Fabiane Ribeiro
Vice Presidente
Elieth Amélia de Souza
Tesoureira
José Moreira de Souza
Conselho Fiscal
Antônio Paiva de Moura
Conselho Fiscal
Raimundo Nonato de Miranda Chaves
Conselho Fiscal
“Lá vai minha avó, novamente, procurar a outra perna do Saci!”
Miriam Stella Blonsk
PALAVRA DA PRESIDENTE
Hoje estou assumindo um dos compromissos mais desafiadores da minha vida, e o faço sob influência da memória do saudoso e muito querido Professor Saul Martins, que me iniciou nos meandros do Folclore, e do Professor José Moreira, professor e amigo, que sempre orienta-me nas questões ligadas a um campo de estudo e de atuação tão difícil, qual seja o Folclore e seus desdobramentos em Minas Gerais, no Brasil e no mundo. Que o sentimento forte e a admiração sempre crescentes sejam os alicerces necessários. Espero contar com o apoio e a colaboração de todos os presentes e de quantos mais puderem contribuir para o êxito dessa missão.
Tomo a liberdade de evocar, neste momento, a figura do Jeca Tatu, objeto de uma pesquisa realizada em trabalho de mestrado na UFMG. Na ocasião , além de outros autores, tivemos o escritor Monteiro Lobato e sua pesquisa intitulada “Saci Pererê, resultado de um inquérito”, como base para os estudos, onde a atenção era voltada, na realidade, para o povo, expondo a personalidade dos muitos Jecas existentes no País, seus costumes e afazeres, sua situação econômica e social, suas mágoas e alegrias, suas crenças e mitos.
Folclore é o saber do povo.
Povo é o conjunto dos habitantes de um País, sofrendo as influências da tecnologia, dos meios de comunicação, cada vez mais avançados e sofisticados. Essa influência, contudo, não deve servir de elemento anulador da cultura existente e praticada por esse povo. Não que ela deva permanecer inalterada, uma vez que uma das características mais marcantes da cultura é seu dinamismo, sua capacidade de adaptação aos novos tempos e às novas situações.
Através dos relatos orais pode-se perceber a cultura de um povo, identificar seus elementos constituintes. Ouvir, registrar, analisar tais elementos é tarefa importante. Não basta, entretanto, resgatar a cultura popular, evitando que se percam os mitos, as festas, o artesanato, a culinária, os costumes, as crendices.
É preciso, além de reconhecê-los como símbolos da identidade de diferentes grupos , estudar e registrar seus elementos formadores, possibilitando o intercâmbio de culturas através da sua divulgação entre cidades e países. O mundo vai adquirindo sentido ao ser simbolizado, estruturado e transformado pelo homem. Cada novo valor, cada sentido novo, implica em formas culturais, pois a cultura é uma estrutura simbólica. Cada ideia, por mais simples que seja, modifica a cultura e influencia no modo de vida das pessoas.
O Professor Saul Martins, em seu livro “Folclore em Minas Gerais”, traduziu mineiridade refletindo sobre o comportamento do mineiro e também sobre sua obra, refletindo-se, ainda, na política, na linguagem, no vestuário, na culinária típica, nos processos de trabalho, no folclore, no romantismo das modinhas, na arte, no lazer e no culto.
Todo um mundo de informações e de modos de ser aí reside . Todo um desafio. Toda uma diretriz de trabalho, que constituirá nosso rumo, junto à Comissão Mineira de Folclore, guiada pelo eterno maravilhamento adquirido dos grandes mestres citados.
Ao saber que havia aceito o honroso cargo no qual hoje sou empossada, minha neta Maria Emília, proferiu a seguinte frase, que também é o pensamento de toda a família: “Lá vai minha avó, novamente, procurar a outra perna do Saci!”
Caminhemos juntos, e ao agradecer a confiança que em nós é depositada, curvo-me, respeitosamente, e saúdo a todos os que criaram e mantém viva, através do tempo, esta instituição.
Muito obrigada.